Pilotos de aeronaves que estiveram na mesma rota do avião turboélice que caiu em Vinhedo, matando 61 pessoas, no interior de São Paulo, na tarde desta sexta-feira (9), narram que havia a presença das chamadas cumulonimbus – nuvens densas e carregadas, evitadas pelos pilotos, além de gelo.
O piloto Pedro Santos, que passou pela região do acidente mais cedo, confirmou que as condições meteorológicas não eram boas. “Assim que a gente decolou de São Paulo a gente tinha previsão de gelo entre os níveis de voos uno cinco zero e dois cinco zero… Uno cinco zero, 15 mil pés e dois cinco zero 25 mil pés, e assim que a gente começou a passar por esses níveis, a gente se deparou com formação de gelo na asa e o olhar é muito importante pra verificar a quantidade de gelo que está se formando porque a depender da quantidade a gente precisa fazer uma descida de emergência pra encontrar uma temperatura positiva”, declarou o piloto.
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Outros pilotos ouvidos pela TV Globo que pousaram no Aeroporto de Congonhas também narraram formação de gelo severo na rota de aproximação de São Paulo.
O piloto e engenheiro Jorge Leal Medeiros, professor de transportes aéreos da Poli-USP, explica que o acúmulo de gelo é um risco.
“O ar bate na frente da asa, uma parte vai por cima a outra vai por baixo. a que vai por cima vai mais veloz, cria uma pressão negativa, faz com que o avião voe. agora se forma gelo, a aerodinâmica da aeronave muda e perde a sustentabilidade da asa”, explicou.
Segundo os especialistas, aeronaves comerciais contam com dois sistemas anti-gelo – um que evita a formação de gelo e outro que derrete a água congelada nas asas.
Em situações extremas, os equipamentos podem ser insuficientes e o piloto precisa agir rápido.
“Se ele por acaso tiver um ‘anti-ice’ bom, e se o gelo não for muito grande, ele consegue mudar a altitude do avião, mudar a camada que não tenha tanta formação de gelo. Me espanta que essa formação de gelo tenha sido tão rápida também. Por isso que temos que aguardar um pouco mais a análise desse acidente”, declarou Leal Medeiros.
Foto: Folha de Jundiaí
Fonte G1