Setor funerário contesta prefeita e nega exaustão de serviços em JF.

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Setor funerário contesta prefeita e nega exaustão de serviços em JF.

No início desta semana a prefeita de Juiz de Fora, Margarida Salomão (PT), afirmou que o serviço funerário “se encontra em exaustão”. Após o anúncio, a Prefeitura divulgou na terça-feira (9) dados que apontam aumento de 40% no primeiro bimestre deste ano. A situação foi questionada pelo vereador Sargento Mello Casal (PSL) em um vídeo. Segundo ele, houve generalização dos números e, ao procurar as funerárias, verificou fluxo normal. Para entender a situação do sistema funerário na cidade, o G1 ouviu as empresas do setor e mostra abaixo os dados de sepultamentos.

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De acordo com os dados do Portal da Transparência de Registros Civil, que reúne informações dos cartórios de todo o país, foi registrado aumento nos óbitos em janeiro e fevereiro de 2021 em comparação com o mesmo período de 2020.

O mês com recorde de mortes em Juiz de Fora, no entanto, foi dezembro de 2020, quando em 30 dias foram 609 vidas perdidas. Na época, a cidade atingiu o primeiro pico de hospitalizações em 18 de dezembro, com 425 pessoas internadas com Covid-19. O número só foi superado na segunda semana de março de 2021.

Registros de óbitos em Juiz de Fora nos últimos três meses609609585585431431Dezembro de 2020Janeiro de 2021Fevereiro de 20210200400600800Janeiro de 2021
585

Para comparação, em dezembro de 2019, antes da pandemia, a cidade registrou 380 mortes. No mesmo período em 2020 houve um aumento percentual de 60,26.

Em janeiro de 2020, foram 371 óbitos, ante 585 em 2021, que representa um crescimento de 57%. Já no mês de fevereiro de 2020, Juiz de Fora teve 354 mortes, sendo que neste ano foram registradas 431, um aumento de 21%.

De acordo com a Prefeitura, esse aumento reflete nos números de sepultamentos do Cemitério Municipal. Dos 489 sepultamentos realizados no local, nos dois primeiros meses deste ano, 180 foram de pessoas falecidas por causa da Covid-19, 36,81% do total.

A Administração reforçou que o cemitério tem se preparado para momentos como estes e trabalhado para aumentar a capacidade. Seis covas rasas extras têm sido abertas diariamente para suprir a demanda.

Funerárias negam exaustão dos serviços em 2021

G1 entrou em contato com as quatro funerárias da cidade: Grupo Candelária, Funerária Santa Cruz, Funerária Filgueiras e Funerária da Santa Casa.

De acordo com as empresas ouvidas pela reportagem, não houve aumento nos serviços de velórios, enterros, cremação ou remoção e preparação do corpo nos últimos dois meses. Eles afirmaram que a fala dita pela prefeita não reflete a realidade enfrentada por eles.

Na Funerária Filgueiras, a média de enterros realizados é de 130 por mês. A empresa explicou que desde o início da pandemia de Covid-19, em março de 2020, não houve necessidade de aumentar o número de caixões comprados ou contratar mais funcionários para realizar o serviço. Eles também reafirmaram que o estoque de caixões está cheio.

Na Funerária Santa Cruz, a média mensal é de 150 enterros realizados. Eles pontuaram que, desde o início da pandemia, apenas no mês de dezembro foi registrado um pequeno aumento na procura dos serviços, mas que a situação foi normalizada e está dentro da média desde o início de 2021, inclusive no mês de março.

A Funerária da Santa Casa informou ao G1 que não houve aumento da demanda e que, portanto, não foi preciso contratar novos profissionais. Também não foi registrada de insumos.

As empresas também confirmaram que o vereador Sargento Mello Casal (PTB) visitou presencialmente os locais, como foi informado no vídeo publicados nas redes sociais.

O vereador informou que está preparando um pedido de informação à Secretaria de Governo para saber de onde foi tirada a informação de exaustão nos serviços funerários. Mello também afirmou que pediu às funerárias os registros de óbitos de março de 2020 até março de 2021, para verificar separadamente os casos de Covid-19 e óbitos por outras doenças.

“Teve um aumento sim no número de internações nos hospitais, não podemos desrespeitar isso, mas o caso das funerárias não é verdade”, finalizou o vereador.

O que diz a Prefeitura

Em nota publicada no site e enviada à imprensa, a Prefeitura de Juiz de Fora classifica a fala do vereador como insensível e “oportunidade de disputa política” em um momento de gravidade da crise sanitária da Covid-19. Veja a íntegra abaixo.

“A prefeitura de Juiz de Fora lamenta profundamente a insensibilidade da manifestação do vereador Sargento Mello Casal sobre a gravidade da crise sanitária e do sistema funerário na cidade em função da pandemia. Conforme dados do portal da transparência de registro civil, em Juiz de Fora, foram registrados 1016 óbitos nos dois primeiros meses deste ano ante 725 no mesmo período do ano passado, um aumento de mais de 40% no registro de falecimentos.

Lamentamos a falta de sensibilidade do vereador diante da dor de tantas pessoas bem como manifestamos também nossa solidariedade às famílias dos 856 juiz-foranos e juiz-foranas que perderam seus entes queridos em função da Covid-19, tais como Hugo Borges, Zé Kodak, Monsenhor Miguel Falabella, entre tantos outros e outras. Repudiamos também que situação tão dolorosa possa ser usada como oportunidade de disputa política quando, nesse momento, todas as forças da cidade devem se unir para derrotar a pandemia e retomar o progresso.”

Fonte : G1 Zona da Mata

Kadu Fontana
Kadu Fontana
Jornalista registrado no MTE desde 2014 , radialista, e proprietário do Portal RKF. www.instagram.com/kadufontana/

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