Comissão formada por técnicos de diferentes órgãos de saúde investigam 11 casos de pessoas com histórico de vacinação contra a febre amarela e que tiveram a doença confirmada por exames. Estão sendo analisadas as questões clínicas e epidemiológicas de cada paciente. Especialistas levantam a hipótese de lotes da vacina terem perdido a “potência” de imunização devido a problemas de armazenamento, entre outros. Mesmo
assim, ressaltam que a vacina é a maneira mais eficaz de evitar a enfermidade e convocam a população a continuar a tomar o imunizante. A cobertura vacinal já alcançou 89,8% no estado, mas a meta é alcançar 95%. Em Minas Gerais, já são 264 confirmações da enfermidade, com 96 mortes. Entre os casos confirmados está o do médico e professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Rodrigo Bastos Fóscolo, que pode ter contraído a doença em Caeté, na Grande BH.A avaliação dos casos das 11 pessoas que têm histórico de vacinação e tiveram a febre amarela confirmada por exames está sendo feita por uma equipe multidisciplinar com representantes da Secretaria de Estado da Saúde, Ministério da Saúde, Organização Pan-americana da Saúde (Opas) e Fundação Ezequiel Dias (Funed-MG). São infectologistas, pediatras, epidemiologistas, enfermeiros e farmacêuticos, que tentam buscar informações fundamentais para a conclusão dos casos. Os pacientes cujos casos estão sendo investigados têm idade entre 7 e 47 anos, sendo que a maioria, 63,7%, são homens. A SES já sabe que todos receberam uma dose da vacina, sendo que elas foram aplicadas entre 9 meses até 44 anos de idade.
A hipótese de possível falha no lote de vacina também foi levantada pela infectologista Helena Brígido, que é membro do Comitê de Arboviroses da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA). Mas, para ela, uma investigação minuciosa de cada paciente é necessária. “Precisa de uma avaliação melhor, como quando foi que teve os sintomas, quando foi a vacina, e precisamos saber, o que é muito importante, qual o lote da vacina. Não temos nenhuma situação atualmente que podemos dizer que o lote X de vacina não é eficaz. Mas são importantes esses relatos”, completou.
A infectologista ressalta que casos como os investigados têm poucas possibilidades de ocorrer. Por isso, explica que a população deve continuar a vacinação. “A vacina é muito boa, tem que ser estimulada. A população não precisa ficar temerosa em procurar a vacinação, pois o percentual é maior de proteção do que de não proteção”, convocou. “A única proteção eficaz conta a febre amarela é a vacina”, completou Tauil. A SES/MG também ressaltou a importância da vacinação. “Cabe ressaltar que a eficácia da vacina contra a febre amarela é de 95% a 98%, sendo considerada altamente eficaz e segura na prevenção da transmissão do vírus. Como medida adicional e individual, para a população mais exposta à circulação do vírus, recomenda-se também a utilização de repelente.”
A cobertura vacinal em Minas Gerais vem aumentando, mas ainda não atingiu a meta. Dados da SES mostram que 89,82% da população já recebeu as doses da vacina, o que representa 16 milhões de pessoas vacinadas. Para chegar à porcentagem ideal, a estimativa é que mais de 2 milhões de moradores mineiros ainda precisam ser imunizados. A faixa etária que menos recebeu a vacina é entre 15 e 59 anos, justamente a mais atingida pela epidemia da temporada 2016/2017. Atualmente, 26% dos 853 cidades do território mineiro ainda não alcançaram 80% da cobertura vacinal. Outros 34,5% têm entre 80% e 94,9% de seus moradores vacinados. Acima da meta de 95% estão 336 municípios.
BALANÇO O número de casos confirmados da febre amarela em Minas Gerais aumenta a cada semana. Em apenas sete dias, 42 novas confirmações foram incluídas no balanço da SES/MG. Também houve alta nas mortes, saindo de 86 para 96. A letalidade está em 36,4%. Ainda são investigadas 589 notificações, entre elas 28 mortes. No período de monitoramento 2016/2017, foram registrados 475 casos, sendo que desses 162 pacientes morreram. Entre os casos confirmados na temporada 2017/2018 está o do médico e professor do Departamento de Clínica Médica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Rodrigo Bastos Fóscolo está com febre amarela. O professor segue internado no Hospital Felício Rocho, em Belo Horizonte, onde se recupera de um transplante de fígado realizado na segunda-feira.
Segundo a SES/MG, o local da possível infecção é Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Quando o caso do médico veio à tona, foi levantada a suspeita de que ele tinha contraído a doença mesmo tendo sido vacinado. Porém, o caso ainda é investigado.
FONTE : ESTADO DE MINAS
Mutação
A Fundação Oswaldo Cruz publicou uma nota ontem para falar sobre um áudio que circulou nas redes sociais sobre a mutação do vírus da febre amarela. Informou que realizou estudos para acompanhar as possíveis mudanças genéticas no vírus em circulação no país. Os resultados, publicados em 2017, indicaram mutações. Porém, alertou que não há qualquer impacto dessas mutações em relação à eficácia da vacina.