Não foram somente as rajadas de vento, que passaram dos 93km/h, e os 54,6mm de chuva que chamaram atenção durante o temporal que atingiu Juiz de Fora eregião na quinta-feira (05/10). O alto número de descargas elétricas também impressionou e assutou os moradores.
Conforme dados do Grupo de Eletricidade Atmosférica (Elat), vinculado ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entre 18h e 23h59min, foram contabilizados 3.104 raios.
O número é muito além do normalmente observado em temporais, segundo o coordenador do Elat/Inpe Osmar Pinto Junior.
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Para efeitos de comparação, um estudo feito pelo próprio Elat/Inpe com dados de 2011 a 2020 identificou os recordes diários de raios nos municípios do Brasil. Neste estudo, o maior número registrado em Juiz de Fora no período foi no dia 28 de fevereiro de 2016, quando foram 4.690 raios.
“Juiz de Fora já fica em uma região tradicionalmente com muito número de raios e a tendência é de que a situação se intensifique na primavera e, depois, com a chegada do verão”, explica o pesquisador do Elat/Inpe.
“Em tempestades normais são algumas centenas, em torno de 100 a 300 raios. Acima de mil já é considerado muito alto. Três mil é muito elevado”.
Segundo o especialista, a influência do El Niño, fenômeno meteorológico que eleva as temperaturas, determina mudanças nos padrões de transporte de umidade e, consequentemente, impacta também no número de raios.
“Estamos ainda no início da primavera, estação que normalmente o volume de raios é menor. A ocorrência maior é no verão, mas o El Niño tem uma mão nesta história. Principalmente porque atingiu a categoria de El Niño forte – na divisão entre fraco, médio e forte”, explica.
O especialista também destacou dados da outra pesquisa realizada pelo Inpe, que apontou que 20% das mortes causadas por raios no Brasil acontecem dentro de casa.
“Para se ter uma ideia, este percentual é entre 1% e 2% nos Estados Unidos. É preciso estar muito atento não somente nas estradas, nas áreas livres e em locais de matas. Você pode ser atingido também dentro de casa”, destacou.
Conforme ele, a pessoa deve evitar falar no telefone com fio, não usar o celular ligado na tomada, não tomar banho e manter-se afastado da geladeira. “Evite ficar em contato com qualquer objeto ligado à rede elétrica ou à rede telefônica”, explica o pesquisador.
Outras orientações de proteção, de acordo com a Defesa Civil:
Fonte: G1 Zona da Mata