A cada ano, no dia 27 de setembro, o ritual se repete. Em alguns bairros, centro ou periferia, em todas as cidades do Brasil, as crianças povoam as ruas como formiguinhas na disputa por doces, balas e outras guloseimas oferecidas por devotos na celebração a São Cosme e Damião.
A tradição hoje perdeu um tanto da força de antes e resiste às mudanças no perfil da sociedade brasileira. Estudiosos atribuem este fenômeno à crise econômica, mas também a expansão das igrejas neopentecostais.
Os gêmeos são santos católicos, mas de forte vinculação com os terreiros de Umbanda. No Candomblé e na Umbanda, Cosme e Damião são conhecidos como os orixás Ibejis e Erês, filhos de Xangô e Iansã, que incorporam nos pais-de-santo e “fazem uma verdadeira festa, dão cambalhotas e correm de um lado para o outro.
São Cosme e São Damião são considerados protetores dos gêmeos e das crianças. Por isso, as pessoas criaram o costume de distribuir os doces para homenageá-los, pagar promessas e agradecer graças alcançadas. O dia é celebrado em datas diferentes pelos católicos e devotos de religiões afro-brasileiras. Seguidores do candomblé e da umbanda festejam os santos em 27 de setembro. Já a Igreja Católica comemora no dia 26, porque o dia 27 é dedicado a São Vicente de Paulo, que morreu nesta data.
Independente de crenças e religiões, o Portal RKF registrou a entrega dos doces em dois locais em São João Nepomuceno: na Rua Nazareth ( Rua do sapo), e no Portal da Moda, ambos no centro da cidade, para alegria da garotada. Na Rua Nazareth , o casal Márcio e Luciana distribuiu doces e balas para a criançada que passava na rua.
E até mesmo os idosos fizeram a festa: as senhoras Delma e Dalvinha também ganharam guloseimas.
Já no Portal da Moda próximo da Praça Daniel Sarmento, Neide de Fátima também distribui saquinhos com balas e doces na parta da tarde. Ela disse que enquanto tiver forças e não houver impedimento ela continuará com a tradição.
Reportagem Kadu Fontana