Doze meses depois do primeiro surto conhecido de covid-19 na China, o Reino Unido começa nesta terça-feira (8/12) a imunizar as primeiras pessoas da fila daquele que será o maior programa de vacinação da história do Reino Unido. A estratégia vem sendo chamada informalmente de “V-Day”, um apelido que alude ao dia da vitória (Victory Day) contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial e, agora, a um “Vaccine Day” (Dia da Vacina).
Doses da vacina produzida pela Pfizer/BioNTech serão distribuídas em cerca de 70 hospitais do Reino Unido para pessoas com mais de 80 anos e parte dos profissionais que atuam em unidades de saúde e em asilos.
O programa visa proteger os mais vulneráveis e os mais expostos num primeiro momento e permitir a volta à “normalidade” quando grande parte da população estiver imunizada.
Médico com nove netos, Hari Shukla, 87, disse estar “encantado de estar fazendo minha parte” ao ser imunizado nesta terça.
“Sinto que é meu dever fazer isso e tudo o mais que puder para ajudar”, disse Shukla, que receberá sua vacina no Royal Victoria Infirmary, na cidade de Newcastle, com sua esposa, Ranjan.
O Reino Unido será o primeiro país do mundo a começar a usar a vacina Pfizer/BioNTech depois que os reguladores aprovaram seu uso na semana passada.
A vacinação não é obrigatória no país.
O ministro de Saúde, Matt Hancock, disse que agora havia “luz no fim do túnel”. “Vamos olhar para trás hoje, o V-day, como um momento-chave em nossa luta contra esta doença terrível.”
Aqueles que administram a vacina serão os primeiros a receber vacinas na Escócia, enquanto os profissionais de saúde serão os primeiros na fila no País de Gales e na Irlanda do Norte.
O primeiro-ministro, Boris Johnson, lembrou que as pessoas devem manter as medidas de segurança adotadas ao redor do país para evitar o espalhamento da doença, como distanciamento social e higiene rigorosa das mãos, enquanto o programa de vacinação ganha tração.
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Autoridades estimam que grande parte das restrições pode ser suspensa até a Páscoa, caso tudo corra bem com a imunização massiva.
Até agora, mais de 60 mil pessoas morreram no Reino Unido em decorrência da infecção por covid-19, segundo dados oficiais.
O governo garantiu 800 mil doses da vacina da Pfizer/BioNTech para dar início ao programa. Mas foram encomendadas 40 milhões de doses ao todo, o suficiente para 20 milhões de pessoas, pois são necessárias duas aplicações.
Estima-se que 4 milhões de doses sejam distribuídas até o fim de 2020, num ritmo mais lento do que o esperado por problemas com a fabricação dos imunizantes. Antes a meta era 10 milhões de imunizados ainda neste ano.
Containers refrigerados com a vacina da Pfizer/BioNTech, que demanda temperaturas abaixo de -70ºC em parte do trajeto da fábrica até a aplicação, têm chegado ao Reino Unido nos últimos dias oriundos da Bélgica, onde são fabricados, e distribuídos pela cadeia de frio montada em território britânico.
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, escreveu em seu perfil no Twitter nesta segunda-feira (7/12) que o governo ofertará gratuitamente à população as vacinas que vierem a ser aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo ele, a vacinação não será obrigatória.
A principal aposta do governo Bolsonaro para a vacinação contra a covid-19 envolve o imunizante criado pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca, que tem o potencial de imunizar 130 milhões de pessoas no Brasil até o fim de 2021. Mas essa vacina ainda não concluiu seus testes clínicos e tampouco foi aprovada pela Anvisa.
Por isso, o governo federal tem sido pressionado a ampliar sua cartela de opções de vacina, incluindo a da Pfizer/BioNTech e a da Sinovac, que será produzida em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, mas também não concluiu a fase de estudos clínicos.
Cada uma dessas opções tem um obstáculo aos olhos do governo. A Sinovac tem um forte componente político, já que tem sido apresentada como um trunfo de João Doria, governador paulista e desafeto de Bolsonaro. Doria anunciou nesta segunda-feira (7/12) que a vacinação começará no Estado em 25 de janeiro de 2021, mesmo sem os testes e o processo de aprovação pela Anvisa concluídos.
Fonte : O Tempo