Assim como muitas outras pessoas que não se identificam com sua identidade de gênero, as irmãs perceberam que não se identificavam com o sexo masculino desde a infância. “Eram muitos conflitos internos, mas quando chegou a adolescência veio a certeza”, disse Jéssyka. “O preconceito na escola e com a sociedade foram difíceis. Quem está do outro lado muitas vezes não entende que isso não é questão de escolha ou fase. Foi como nascemos”.
Na família a aceitação da condição das duas irmãs aconteceu com certa resistência no início, principalmente do pai. “Ele trabalha com o público e algumas pessoas faziam piadas com ele”, disse Jéssyka. “Isso machucava muito ele e criava um certo bloqueio. A aceitação só veio com o tempo. E hoje é um grande amigo da gente”. Nesse meio tempo, o suporte vinha da mãe e dos irmãos. “Isso foi fundamental pra gente não pirar e seguir em frente”, destacou Nicole.
Novo prazo
O prazo para inclusão do nome social no documento aconteceu entre os dias 3 de abril a 9 de maio. Agora, operações que envolvem alistamento, transferência de domicílio, revisão de dados com biometria e o registro do nome social no título só poderão ser realizados novamente após as eleições deste ano.
De acordo com o TSE, qualquer cidadão que venha a se alistar ou já possui o título de eleitor pode fazer essa solicitação à Justiça Eleitoral, abrangendo, deste modo, também os menores de 18 anos. Somente a autodeclaração do eleitor é suficiente para a Justiça Eleitoral.
O nome civil também constará no título de eleitor. Porém, será utilizado apenas para “fins administrativos” pela Justiça Eleitoral, e seu emprego se dará “somente quando estritamente necessário ao atendimento do interesse público e à salvaguarda de direitos de terceiros”, informou o tribunal.
Fotos e fonte : Bruce de Battisti